A poesia é uma palavra impessoal e autônoma. Para fazer poesia, você tem que se tornar um nada. O que você escreve não necessariamente é o que você sentiu ou sente, mas um sentimento que pode ser identificado por alguns dos leitores, ou por todos eles. Assim, você se torna todos e, exatamente por isso, perde sua própria identidade e vira um nada.

Há uma diferença gritante entre AUTOR e SUJEITO POÉTICO ( o "eu" da poesia ).

Só isso.

É brincadeira (Na esportiva)

A idéia deste escrito me veio quando estava lendo, no blog da Ostra Nervosa, um post que falava sobre bullying... Já falei antes sobre o tema, num post deste meu blog...

Ostra Nervosa perguntava: por que a Mídia não discute esse tema e por que as escolas não dão mais atenção a essa questão?

Bom... Eis a resposta que eu sempre ouvi...

Tá bravo por quê?
É brincadeira!
Larga mão de ser bobo!
Tem que levar na esportiva!
Afinal, o povo brasileiro
Leva tudo na esportiva
Povo brincalhão
Por definição
Esquenta não, cara!
É brincadeira!
A gente ri da sua cara
Porque é engraçado!
Você fica bravo
Se sente humilhado
Faz cara de coitado
De desgraçado!
Se eu ficasse bravo com
Todo mundo que viesse
Rir da minha cara
Me humilhar
Me sacanear
Me desgraçar
...
Como eu dizia...
Se eu ficasse bravo
Com todo mundo que viesse
Brincar comigo...
Meu... Eu tava ferrado!
Eu seria infeliz!
Não pode ser assim!
É brincadeira!
Tem mais é que levar na esportiva!
A gente tem mais é que tirar um barato
Se divertir!
Mesmo em meio à desgraça
Mesmo em meio à humilhação
Mesmo em meio à podridão
É isso que faz desse povo
Um povo submisso
Diante de quem nos pisa!
É isso que nos faz
Esse povo
Tão gentil e hospitaleiro
Tão humilde e acolhedor...
Tem mais é que levar na esportiva
Se você for esquentar com
Essas brincadeiras
Meu... Você tá ferrado!
Vai sofrer a vida inteira!
Aprenda a levar na esportiva!
É brincadeira!

Poluição maldita, essa
Que me chega às narinas
Me embaça a vista
E me destroça o cérebro
Me sinto envolto
Todo em fumaça
Uma fumaça escura
Tóxica
Entorpecente
Me deixam todos os sentidos
Inertes
Sem sentido
Algum
De ser
A não ser
Degradar
Os seres que aqui vivem
Toda essa sujeira
Me cega
Me ensurdece
Me emudece
Me emburrece
Me dá náusea
Me faz vomitar
Me faz perder o tato
Não há contato
Agradável
Apenas
Uma mistura de cheiros
De lixo e entulhos
De sons e barulhos
De idéias vindas
De gente que sofre
Do mesmo torpor

O sobre-humano

Eu sempre quis ser um cara forte. Mas não aquele cara forte, que sai descendo o braço em todo mundo. Sabe aqueles vilões de filmes de Van Damme? Aqueles que ele normalmente enfrenta antes de partir pra cima do "chefão"? Carrancudos, não falam uma palavra e reagem a um soco na cara como se nada tivesse acontecido? Sempre quis ser assim...

Sou como o granito:
Pedra sólida,
robusta,
resiste aos piores castigos da Natureza...
Sou como o granizo:
Pedras de gelo
caindo dos céus
com violência,
arrebentando telhados, janelas e pára-brisas...
Minha pele é blindagem grossa:
Posso levar tiros
e ainda assim, estarei de pé,
firme e forte
como sempre...
Sou incrivelmente veloz:
Posso percorrer quilômetros
em segundos!
Se eu não quiser te ouvir
é só eu correr de você!
Sou mais rápido que o som!
Sou incrivemlente forte:
Tenho a força de todo um exército
contida em meu corpo!
Posso derrubar qualquer coisa
que surgir em minha frente
com esforço quase nenhum...
Tenho o dom de voar,
me dispersar nos céus
em qualquer direção...
Sou como um vampiro
que não é morto
pela luz do dia...
Sou imortal:
Só com uma estaca em meu peito
morrerei
mas não existe mortal no mundo
que me seja capaz
de afincá-la...
Sou um lenda!
Sou sobre-humano!
Soberano!
Temam a mim
pois tudo posso!
Posso até mesmo
caminhar por sobre as águas...
Mas que diferença isso faz?
Vejo homens, mulheres e crianças
se divertindo bem mais
ao mergulharem nela...
Brincando no mar,
o que eles menos querem agora
e sempre
é algo mais pra se temer...
Naquele momento,
um sentimento
de compaixão
me invadiu o ser...
Eu, que tudo podia,
naquele momento nada fiz,
pois algo me impediu...
Ou, talvez,
porque, na verdade,
eu nada pudesse...
Mas a grande verdade
é que nada fiz
porque nada quis!

Sem Título Nº 253

Você nunca me abandonou,
esteve sempre ao meu lado...
Mas vou ser sincero,
antes só que mal-acompanhado!
Te jurei Amor eterno,
você achou um exagero,
agora você está no inferno
e eu rindo de desprezo!
Se você morresse agora,
e me olhasse no último espasmo,
eu estaria com lágrimas nos olhos...
(De tanto rir, e tendo um orgasmo.)
Não tivemos uma música
nem uma noite de Amor.
Menos uma lembrança sua,
agradeço este favor!
Queria que você tivesse morrido
junto com meu amor infantil...
Pode continuar viva,
mas vai pra puta que pariu!

1º post de 2006

Viva 2006!
Vivamos!