18 de fevereiro de 2006

Gritos Mudos

Ouça...

São os gritos mudos de um anjo caído
Ferido e desiludido
Pensando, remoendo seus rancores
Ali estendido
Sem forças para voltar
Sem vontade de se reerguer
Ele espera por apenas um sopro de vida
Para poder morrer

Veja...

Agora ele se sente atraído
Pela sinfonia satânica que lhe chega aos ouvidos
Gritos... Sofrimento humano
Ele prova este gosto e sente este gozo
Agora sente forças para se erguer
Mas perdeu o poder divino de esquecer
Trocou as asas e a auréola
Por uma espada e um mórbido prazer

Sinta...

Mil espadas de fúria perfurando teu coração
Como ao daquele anjo estavam até então
Um anjo
Que caiu pelo Amor e se ergueu pelo Ódio
E que agora procura a causa de sua queda
Trazendo o Caos para a Terra
Toda a justiça que vê, corta, pois ela é cega
Perdeu as asas, mas tem a espada e pernas

Corra...

Lá vem ele, sentindo teu cheiro.
Segundo ele, inesquecível e traiçoeiro
Teus cabelos ao vento, lábios encharcados
Sentimentos mortos e enterrados
Ele se apoxima
Gritando que ainda te ama
E nos olhos aquela chama
É a tua sina

Morra!

15 de fevereiro de 2006

Narcisista

Não estou com muitas idéias para escritos novos neste momento...
Então, decidi colocar este escrito aqui novamente!
(Ah, nostalgia...)


Seus olhos são espelhos d'água
Um lago
límpido
claro...
Por um instante
me vi refletido nele...
Quis nadar
Mergulhar de cabeça
Invadir teu íntimo
Me buscar
Me perder
nas profundezas
de tua alma...
Mas meu reflexo se desfez
O espelho se quebrou
Seus olhos gélidos
Lago congelado
Me trouxeram uma imagem
Uma miragem
Ilusão
inalcançável...
- Eu não estou em você!
Mas eu me perdi
em teus olhos
Preciso me encontrar
Amor...

8 de fevereiro de 2006

Sem Título Nº 8

Onde está o sentido da vida?
Está no ar,viajando por algum lugar...
Há um frio no ar...
Mas pra quê se importar?

Nós vagamos
Sem saber pra onde vamos...
E a vida continua... Sem respostas, perdida...
Tanto a minha quanto a sua...

Sintamos a chuva,
Apreciemos a lua...
À beira da estrada,
descansemos naquela curva...

Me abrace, me envolva
enquanto nossos rios correm...
Aproveitemos, querida,
enquanto somos jovens...

Nos beijemos enquanto podemos...
Ou, quando for tarde demais,
perceberemos
que perdemos.



E não poderemos
nunca mais.

3 de fevereiro de 2006

As construções do mundo

As mesmas peças do quebra-cabeça podem se encaixar de outra forma.

Gosto de ver
as construções do mundo
de cada um dos seres humanos
Todos constroem
porque querem
ou porque acham que precisam
São interessantes
as construções do mundo
Algumas levam madeira
e barro
Muitas são pilhas de tijolos
pilhadas de algum lugar
ou compradas com o sal
do suor do rosto do trabalhador
Servente de pedreiro
trabalhando pruma empreiteira
Só usa concreto
pra construir um mundo que
pra ele
ainda é abstrato
de tão real que é
Em casa de ferreiro, o espeto é de pau
porque o ferreiro não é dono do ferro
Outras construções
levam placas de metal
- com certeza, pilhadas de algum lugar -,
pedaços de papelão,
sobras de telhas
Uns se viram com uma coberta velha
Eles constroem sua vida,
seu mundo,
com a forma
que aprenderam a usar
Afinal, cada um constrói sua vida
Cada um constrói sua vida,
seu mundo,
da forma
que ousar

É nisso que eu invejo as crianças
Elas constroem seus castelos de areia
sem se preocupar com o custo dela,
nem da pedra, do cimento e do cal
Elas usam blocos de montar,
massa de modelar
e constroem qualquer coisa
que se possa imaginar
Elas pintam à mão
na folha de sulfite,
na cartolina,
na parede
Não há moldura que comporte
toda essa arte
Usam argila
e a moldam como querem
Sopram bolhas de sabão
que assumem a forma
que mais lhe agradarem
Elas podem, até mesmo,
moldar as nuvens no céu
e caminhar sobre elas
Na visão das crianças
as construções do mundo
sempre podiam ser mais belas
se feitas por elas
Pois as constroem com alegria
São ousadas
São livres das formas
dos homens adultos
e constroem o que bem quiserem
São artistas
É nisso que invejo as crianças
É nisso que invejo os artistas
São crianças