5 de outubro de 2005

Rio disso tudo

Rio disso tudo
à margem
dos acontecimentos...
De que lado você está?
Na margem direita ou esquerda?


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Quem não prefere
viver à margem
desse rio
de gente
que não é capaz de entender
nada?


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Vem curtir um rafting!
Vem descer no ritmo da correnteza, se deixar levar...
Mas se segura, que é pra não cair no rio!
Isso é que é vida! Quem é que gosta de ficar parado feito bobo, à margem? Não entendo essa gente...

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Gosto de desafios!
Gosto de nadar contra a correnteza,
que é pra ver quem pode mais...
Se eu não puder com ela, vou pra margem...
Só pra recuperar o fôlego...

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Meu negócio é pescar! Nada melhor pra relaxar do estresse do dia-a-dia do que pescar...
Sempre vou eu com minha vara, pra margem do rio... Coloco a isca no anzol... Jogo a bendita no rio... E ali fico! Fico ali por hoooooooooras! Até pescar algum...
Gosto demais disso: ficar sentado à margem, relaxar, contemplando os peixes no rio... Esperando o primeiro idiota a morder a minha isca! Sim, idiota! Me divirto em ver como são idiotas, os peixes no rio...Tem sempre um que morde a isca, que cai na armadilha...
Peixe morre pela boca!

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Há um rio cruzando a cidade. E, nas margens desse rio, em vários pontos, haviam abrigos. Abrigos de natureza precária, abrigando pessoas de vida mais precária ainda. Ficavam ali, pois não tinha outro lugar mais fácil.
Vivam bem até, por ali, aquela gente... O problema maior era quando chovia forte... Em dias de chuva muito intensa, o rio transbordava, e praticamente destruia vários desses abrigos. Alguns resistiam, e seus moradores logo tratavam de limpar a sujeira proveniente do rio poluído que transordara e contabilizar os pertences perdidos.
Num belo dia, porém, a prefeitura daquela cidade decide retirar aquela gente da margem do rio. Então, eles foram convidados a montarem seus assentamentos em uma região um tanto mais afastada. Convidados, sim, sob ameaça de ficarem sem abrigo. Aqueles seriam derrubados, pois estavam em propriedade pública. Aproveitando o gancho dos problemas enfrentados por eles com as chuvas intensas, alegavam que eles estariam mais seguros ali.
Feito isso, a prefeitura tratou de mandar plantar belas flores e grama verde importada nas margens do rio, já desocupadas. Quem passava pelas marginais nem acreditava. Agora era uma coisa agradável de se olhar, a margem do rio. Chamava a atenção tanta beleza. Toda essa beleza só durou até a próxima chuva intensa. O rio transbordou novamente e a sujeira proveniente da poluição cobriu toda a margem.
Deram muita atenção aos que estavam à margem, por um instante. Mas o rio continua poluído. E aquelas pessoas continuam à margem.

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À margem
disso
tudo
eu
rio

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